mudanças nos
últimos 16 anos
Em 1996 - O líder
comunitário Expedito Monteiro, pioneiro na implantação do Movimento Comunitário
do Acre, faleceu há duas semanas. Durante 18 anos foi presidente da Associação de Moradores do bairro
Abraão Alhab. Era presença cativa nas
reuniões da Umarb – União Municipal das Associações de Moradores de Rio Branco.
Como eu a época editada uma
página voltada para esse segmento no
Jornal O Rio Branco, mantinha com ele contatos diversos, por vezes até mais de
uma vez por dia. Tínhamos pois, uma boa
relação de amizade e respeito.
Certa vez, durante uma conversa informal vi seu Expedito
chorar. Coisa rara dado sua
personalidade reservada, porém forte. Me
contou da tragédia que tinha se abatido em sua família. Durante uma discussão em jogo de sinuca em barzinho de
propriedade do filho Tabosa, ele (Tabosa) teria interferido para acalmar os
ânimos e findou por receber o tiro que
lhe atingiu a perna. A bala teria atingido a veia femoral e ele sangrava em
abundância. Levado ao PS se constatou
não haver de plantão um médico Cirurgião Vascular.
O profissional estava de sobre
aviso. Havia ido almoçar com a noiva em restaurante no Quinari e seu telefone
estava desligado. Tabosa sangrou até morrer dentro do pronto Socorro de Rio
Branco, por faltam de Assistência Médica. Isso ocorreu 1996, numa época em que a saúde no Acre era
um caos completo.
Seu Expedito bateu as portadas da
Justiça em busca de uma indenização que assegurasse no mínimo os estudos dos
netos. Tabosa tinha apenas 32 e era pai
de quatro filhos. Anos se passaram e Seu Expedito me contou que a indenização
que o Estado ofereceu era uma humilhação. Ele não aceitou. Recorreu ao Supremo Tribunal e a sentença
favorável só saiu no ano passado,
segundo Etevaldo, irmão de Tabosa. Mas a indenização não é o foco do assunto
que pretendo abordar.
Mas isso ocorreu há mais de 16
anos. E hoje?
Em 2012 - Minha mulher, Diva, conseguiu marcar um exame
de desimetria óssea no Hospital das Clínicas em outubro do ano passado. Ficou
de ser informada (por telefone) quando poderia ir fazer o exame.
O telefone nunca chegou. No último
dia 27 de fevereiro ela( Diva) retornou
ao Hospital para se informar sobre o exame. A atendente do setor de agendamento
procurou sua requisição de exames e o localizou sob uma pilha de outros. Informou que Clínica não estava aceitando os exames da Fundhação
(não disse mais deixou nas entrelinha que a suspensão era por falta de
pagamento).
A paciente argumentou que o exame
havia sido solicitado em outubro e portanto, há cinco meses. A atendente
respondeu que a requisito tinha prazo de seis meses e que, portanto o ainda
estava dentro do prazo. Mas que se ela (a paciente) “se quisesse poderia ligar para a clínica e saber quando seu exame
poderia ser feito”.
Diva ligou assim que chegou em
casa e para sua surpresa a recepcionista
da clínica respondeu o seguinte: “Não deixamos de atender as requisições do hospital.
Se a senhora e quiser e puder vir ainda
hoje temos vaga”.
Diva foi a clínica e fez o exame.
Aguarda apenas o resultado para levar ao médico que o solicitou.
Como vemos, pouco mudou nos
últimos 16 anos no setor de saúde. Dezenas de pessoas com esteoporose e/outras
doenças, estão neste momento falando mal do governo. Estão injuriados por
esperarem seis meses para fazer um exame, e sem esperanças de quando o exame será feito.
O Governo investiu em recursos tecnológicos,
estrutura física impecável e medicamentos não faltam. No mês passado a secretária de
Saúde Suely criticou e causou maior alvoroço entre a classe médica, ao se
referir a categoria como “Mercenários”.
As pessoas que atendem a população
(vide depoimento do médico responsável pelos centro cirúrgico do Hospital das
Clínicas Leia
aqui, não estão nem aí. Querem que a população morra. Não se
importam se o Governo investe milhões na
saúde para que a população tenha um atendimento digno.
Não é o governo que emperra o
setor de saúde. São os péssimos servidores descompromissados, como essa moça que trabalha
no setor de agendamento de exames do Hospital Geral das Clínicas. São médicos que não cumprem escala de plantão
ou chegam com horas de atraso ao local
de trabalho. Neste aspecto, entre o episódio que vitimou Tabosa, o filho do seu
Expedito e dona de casa Maria Diva, nada mudou. O atendimento continua péssimo.
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