terça-feira, 20 de abril de 2010

Eu também fiz história

Jornal O RIO BRANCO completa 41 anos

Convidado a falar sobre os 41  anos do Jornal O RIO BRANCO, fiquei imaginando qual foco abordar. Aqui trabalhei por quase dez anos. Fui paginador, chefe do setor de oficinas e repórter. Aprendi na prática o que os acadêmicos aprendem hoje na teoria.

Eu e uma “ruma” de gente sem o tal canudo, tivemos papel importante e fundamental nas comunicações do nosso Estado por muito tempo e, acreditem..., ninguém nos chamava de desqualificados.

Fatos importantes, pitorescos, mudanças físicas, estruturais, administrativas ou linha editorial. Que assunto abordar?

Convivi harmoniosamente com a família que faz o Jornal o Rio Branco por mais de nove anos entre 1982 a 1991. Nossa casa era ali, na esquina da João Donato com Avenida Ceará. Agora é escritório do Cemitério Morada da PAZ. Lá se foram 28 anos.

O jornal tinha apenas 12 anos. Fazia parte do império construído por Assis Chateubrian. Integrante dos Diários Associados e gerenciado pelo Grupo Tourinho de Porto Velho, tendo a frente o empresário Luiz Malheiros Tourinho. No Acre, o Bam Bam de O Rio Branco, era o Walter Gomes. Só não fazia chover...

Fui “levado” para o corpo de funcionários do jornal em 1982 por indicação do José Maria Vasconcelos Braga (Cavaco) hoje residindo com a família em João Pessoa (PB).

Fiz amizades importantes que cultivo até hoje. Entre essas amizades, posso citar: Raimundo Fernandes, Pitter Lucena, Jeová Mendes; Antônio Muniz, Evandro Cordeiro, Ezi Melo, Kátia Chaves, Golb Pullig, Charlene, Rose Peres, Maria Diniz, Nelson (martintim), Clodoaldo, Americano, Chiquinho...Aldecir D'ávila.

Tenho boas recordações de outros que já não estão entre nós, como: Walter Gomes, Petrônio Gonçalves, Dadinho Mansur, fotógrafos, Luiz Ortiz, Maia Coelho e seu “Lauro”, nosso guru José Leite, o revisor Brito e o vigia Amadeu, os linotipistas Nildo e Acácio. O colunista social Marinho...  e  inigualável Chico Pop,  com sua veneração por Charles Chaplim.

Tenho vivas lembranças dos muitos mochileiros de alpercatas nos pés. Hoje desfilam de Hilux e fingem que nunca me viram mais gordo (ou mais velho).

Gente que já se "achava" naquela época e continua se achando hoje. Gente que enchia a cara no Girou (do Alonso e Socorro) e terminava as noites no "Casarão" jogando conversa fora e assistindo o Lhê tomar água mineral e passar noites dançando de sandálias havaianas.

Tempo "veio fuleiro” sem nenhum saudosismo, com exceção da idade nova que se lascou na poeira há muito tempo. Enfim.

Fatos importantes?

Agora sim, na época não. Uma noite de dezembro 1989 por volta de 22h30minhs chega uma ligação para o editor da época, Cezar Filho (um noiado de carteirinha). Haviam acabado de matar Chico Mendes em Xapuri.

Uma equipe foi montada às pressas para ir cobrir o acontecimento. Havia dentro da redação, quem não acreditasse no sucesso da missão. Naquela época seria quase impossível chegar a Xapuri devido às péssimas condições da estrada.

Até onde sei, o gol usado na viagem e único disponível para trabalho de reportagens, chegou completamente destruído no final da madrugada. Arrastando pedaços da lataria e com pneus câmara e gances prontos a jogar no lixo.

Foram vários quilômetros com pneus furado em meio a intensos atoleiros e lamaçais. “O jornal conseguiu ser o primeiro a dar a noticia com fotos. Durante as investigações sobre o crime, foi acusado de está esperando a noticia. Dias antes, uma notinha na coluna ‘off’ dizia que uma ‘bomba” de vários mega tons iria explodir nos próximos dias.

O ex governador Geral mesquita

Não posso deixar de lembrar ainda as conversas intermináveis que tinha mos com o Barão. Apelido do ex-governador Geraldo Mesquita.

O “Barão” tinha por hábito acordar cedo e, apenas para conversar, ia nos fazer companhia nas oficinas do Rio Branco. Enquanto contava "causos" e fatos de sua vida, relatos de sua passagem pelo Governo do Estado do Acre, nos ajudava a dobrar jornais a serem enviados para as bancas no clarear do dia. Uma figura difícil de esquecer.

Anos depois o jornal foi vendido para o grupo Mendes Carlos. Toinho Alves (um dos mochileiros) foi à primeira baixa na redação sob a nova direção. Escreveu no seu “Canto de Página”, matéria sobre desmatamentos. Bastante desfavoráveis para os novos patrões. Houve em represalia uma debandada geral do corpo redacional. Narciso Mendes  trouxe do Rio Grande do Norte, uma "imbiricica" de repórteres para substituir dos rebelados. Entre os integrantes da "imbiricica", nosso querido amigo Whashington Aquino. Renato Severaiano e o bebedor de daime Moura Neto.

Fatos pitorescos.

A nova administração implantou o sistema de composição a “frio”. Foram abandonadas as velhas Linotypos. Tem uma d’elas lá no Museu da Oficina João Donato levada naturalmente do SERDA, antiga Imprensa Oficial do Estado.

Para o novo sistema de composição do jornal era preciso qualificar mão de obra. Na época eu havia sido “promovido” a chefe de oficina. Fosse hoje, meu “carguim merreca” teriam o pomposo nome de “diretor industrial” rsrs.

Entre as moças que foram selecionadas para treinamento havia a Maria Diva (pensem numa morena esperta).

Um dia Carlos Marinho, nosso Colunista Social me alertou: "Tem uma morena, entre essas estagiárias, que está a fim de ti".

Fiquei me achando o Fábio Junior, na época ele era o “Cara”. Insistir mais Marinho não soube dizer o nome da minha “admiradora”. Uma noite, Marinho retorna de madrugada ao jornal para conferir se sua coluna estava nos conforme.

Eu estava funcionando a moto e na garupa, exatamente a “paquera” que o Marinho tinha falado. Ele não sabia que a morena era Maria Diva, minha mulher. Foi o mico da semana.

O Zé Leite

O editor “Zé Leite” se divertia escondendo sandálias, sapatos e outros objetos de colegas descuidados, no interior do congelador do frizzer da redação.

Seu Amadeu (o vigia) era sorrateiramente amarrado com um barbante, passado pelo Ilhoes das calças e  a cadeira onde estava sentado. Zé Leite, na maior cara de pau lhe pedia alguma coisa. Só para ele levantar.

Na pressa em atender o chefe, seu Amadeu saia derrubando a cadeira e espraguejando o autor da brincadeira até a quarta geração. Não sabia que o autor da sacanagem era o próprio Zé Leite.

Enfim, tenho um imenso paiol de assuntos que nem foi tocado. Mas como não sei qual d’eles abordar...

Mas não posso deixar de tocar num assunto que considero pertinente. Nunca, o Narciso reuniu seus repórteres para dizer que tal assunto, não poderia ser publicado.

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