Quem era mais líder, Chico ou João?
Esta semana participei como ouvinte de uma das brilhantes palestras proferidas pelo professor e historiador Marcos Vinícius. Era uma das atrações da solenidade de abertura do curso de habilitação de oficias da Polícia Militar, fato efetivado no auditório da Uninorte.
Entre as diversas citações, relatou exemplos de preconceito racial no início do século. Falou da Rua África (Seis de Agosto), reduto dos negros, empregados dos comerciantes, Sirius, libaneses, italianos e portugueses da Rua Primeiro de Maio, no Segundo Distrito da capital.
Lembrou as ocupações urbanas provocada por invasões e suas raízes. Remotas da década de 70. Época em que o Estado abriu suas fronteiras aos grandes pecuaristas do sul, como forma de diversificar o setor produtivo, restritos a extração de madeira, castanha e seringa.
Com os grandes fazendeiros veio à pecuária. Os conflitos agrários e a expulsão do homem do campo para a cidade. A falta de moradia para quem chegava e a necessidade de ocupação dos espaços vazios. Da tentativa de organização urbana - através das associações de moradores - e inevitavelmente, surgiu o nome de João Eduardo, morto em conflito de terras no bairro que leva seu nome.
O historiador disse que João Eduardo foi tão importante para a cidade quanto Chico Mendes foi para as florestas... E aí deu um nó no meu “quengo”. É que na contra mão de uma história inventada para inglês vê, não consigo achar no Chico Mendes, o ecologistas da propaganda. No meu entendimento, Chico liderava um movimento fisiológico com foco nas seringueiras de onde as pessoas tiravam o leite, produziam a borracha e com o lucro, compravam alimentos, roupas, munição etc...
Defendia a existência da mata. Porque sem ela, desapareciam a caça e a pesca, que alimentava e se constituía cardápio único e indispensável na mesa dos seringueiros.
Mata pela mata, pouca importava. Era irrelevante. Tanto é verdade que não conheço, porque nunca houve e nem há registros, de qualquer movimento encampado por Chico Mendes em defesa de florestas que não fossem as do Seringal Cachoeira.
Então sou obrigado a discordar do catedrático historiador. João Eduardo foi morto por uma causa. Chico, por uma intriga com os fazendeiros que queriam a todo custo, derrubar a mata e fazer pastos para criar gado.
Foi para isso que tinham adquirido terras no Acre. Não tinham interesse ou qualquer intimidade com seringa. Agora, se o Governo do Acre, vendeu as terras ocupadas por centenas de famílias, sem lhes prestar nenhuma a assistência posterior, isso é uma história que a história não conta.
Um comentário:
Muito bom mesmo seu texto, nao deixando se levado por discursos governamentais,.
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