quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Clima reduzirá produção de alimentos

O prejuízo que poderia ter sido evitado

(*) Nonato Souza
otanon@gmail.com

Não é segredo para ninguém o esforço solo do deputado federal Fernando Melo (PT-Ac) em resgatar a cultura da mandioca, implantar uma fábrica de fécula de mandioca na região de Sena Madureira e expandir para o restante do País, a necessidade de misturar a fécula ao trigo, tirando o Brasil da condição de importador do trigo da Argentina.
Foi através, também da sua “saga mandioqueira”, que o Senado colocou em pauta, a votação do projeto que previa à adição de até 10% de fécula a massa de trigo. O projeto foi aprovado simbolicamente pelo Senado mais inexplicavelmente, vetado pelo presidente da República, Luiz Inácio da Silva
“No contra-ponto do veto presidencial, registre-se que atualmente o País importa quase 75% da farinha de trigo que consome. Estimativas apontam que a mistura resultaria em uma economia anual de US$ 104 milhões”, lembra o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz da Alma/BA), Joselito da Silva Motta.

Mudança climática vai alterar agronegócio

De acordo com a reportagem do portal G1, (veja o link ai embaixo) as previsões sobre as mudanças climáticas nas próximas duas décadas causará bilhões em perdas na agricultura. Entre os nove produtos pesquisados, apenas dois se adaptarão facilmente as novas condições climáticas. A Cana-de-Açúcar e pasmem, A MANDIOCA, cuja produção deve inclusive, aumentar.
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL719365-5598,00-MUDANCA+CLIMATICA+VAI+ALTERAR+AGRONEGOCIO+ALERTA+ESTUDO.html

Mistério ronda veta presidencial

O projeto original de adição de fécula a farinha de trigo, foi apresentado em 2001, pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB. Teve o apoio da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Aprovado na Câmara, foi finalmente aprovado, em votação simbólica, pelo Senado Federal em junho deste ano.
Tivesse sido aprovado pelo Presidente da Republica, pães, biscoitos e massas de programas sociais, inclusive o Fome Zero, iriam conter a nova mistura. Ante do Senado o projeto havia passado pela Comissão de Assuntos Econômicos e Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle da Câmara Federal.
De acordo com proposta do Projeto de Lei, no primeiro ano a adição de fécula ao trigo seria de 3%, depois em 6% e, a partir do terceiro ano, em 10%. Previa ainda que em caso emergencial, o Poder Executivo poderá reduzir o percentual da adição de farinha de mandioca e por fim, determinava que governos estaduais e federal e prefeituras inscritas no Programa Fome Zero comprariam produtos com farinha de mandioca: pães, macarrão e biscoitos.
Não se sabe qual a força misteriosa que obrigou nosso presidente, um ex-retirante pernambucano, de origem pobre e de pais agricultores, ter recusado à aprovação de um projeto tão importante para milhões de agricultores brasileiros.

*) jornalista e assessor parlamentar

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