quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Nova prática criminosa


Golpista aplica golpe do conhecido que você não lembra


Nonato de Souza
otanon@gmail.com


Cidadão de altura mediana, pele moreno claro, barba por fazer à dias. Sandálias havaianas, bermuda jeans em cor “encardida” e uma camiseta de meia bem surrada em cores horizontais: azul, amarela, laranja e verde. Na base da “cor sim, cor não”.

Como acompanhante uma criança com idade presumível de dez anos. Ao se deparar com você nas ruas centrais de Rio Branco, abre um largo sorriso e manda vê.

· E aê, rapaz, anda sumido. Porque nunca mais apareceu lá por casa. Esses dias papai perguntou por você e respondi naturalmente que nunca mais havia lhe visto. O “velho” pediu que lhe desse um abraço. Você está com boa aparência como vai a vida?

E você... achando que está pagando o maior mico da história ao não reconhecer quem demonstra tanta intimidade.

· Há é: Tudo bem. Como vai? Bem, na realidade devo lhe pedir desculpas. Não estou lembrando de você.

· Rapaz sou filho do “seu” Sebastião. Ali do km 62 da Br-364, logo após o novo aterro sanitário. Tá lembrando não? Tudo bem deixa pra lá. Mas me conta. Como está a família.

· Vai bem obrigado.

· Eu é que não estou nada bem. “Toim” lembra dele? . Há é... lembra não. É meu filho mais velho!. Inventou de subir numa árvore lá na colônia. Caiu e fraturou duas costelas e a clavícula. Rapaz, tá o maior sufoco.

· Poxa lamento muito. Ele está bem, fora de perigo?

· Graças a deus está bem. Está internado no Pronto Socorro e já está medicado. Pelo menos isso! Né não?

· É sim...

· Problema maior é Luizim... Esse menino, meu filho mais novo. Não tinha com quem o deixar e trouxe comigo. Está sem café da manhã até essa hora. Quero levar ele no Taquari. Na casa de uma tia para o “bixim” tomar café. O problema é que estou sem o dinheiro da passagem do ônibus. Pode me ajudar não?

· Claro, sem problema.

Você retira a carteira, libera uns dois reais ou mais se não tiver trocado. O cara lhe agradece em nome de deus e você segue em frente. Com a certeza que acabara de praticar uma boa ação para uma pessoa desconhecida que lhe confundiu com alguém. Mas e daí, foram apenas R$ 2 míseros reais...

Nada disse caro leitor. Você acaba de cair na lábia de um espertalhão que aplica o mesmo golpe dezenas de vezes por dia. Não dá pra saber ao certo quanto ele fatura com esse “trabalho” mas não estranhe se narrar esse diálogo para alguém e descobrir que mais de uma pessoa do seu conhecimento já tenha sido abordada pelo pobre produtor rural, com essa mesma conversa.

Melhor, é chamar a polícia!

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