sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Desproporcional a ofensa

Prisão de jornalista deve ser motivo

 de reflexão para a categoria

(*) Nonato de Souza


Ao me reportar sobre o assunto “A Prisão do Muniz”, quero prestar minha solidariedade de público a um amigo de longas datas com quem tive o privilégio de trabalhar junto por muitos anos, quando eu fazia parte do quadro de funcionários do Jornal O RIO BRABNCO. Foram exatos, nove anos e seis meses.

Esse lamentável e condenável episódio de sua prisão traz para o seio da categoria dos jornalistas, questionamentos há muito comentado nos bastidores. Até onde o jornalista deve “vestir a camisa” da empresa em que trabalha?

Qual deve ser o limite do envolvimento do profissional com as desavenças comercias, políticas ou sociais entre seu patrão, o dono do jornal e o governo?

Quando o patrão reúne repórteres para informar que até segunda ordem, “nenhuma linha pode ser escrita a favor do governo e se houver consistência e provas, deve ser batido até pedir arrego”. Até onde o jornalista deve “obedecer” tais recomendações?

Não há fato isolado para exemplos, onde o patrão consegue seus pleitos junto ao governo. Passa a fazer parte da lista de convidados em solenidades oficiais e sociais, enquanto o jornalista fica “queimado”, desprestigiado e em alguns casos, até sem espaço no campo de trabalho.

O profissional é usado como braço armado do patrão para "bater" no governo. Feitas as pazes entre as “partes” o braço armado volta para o arsenal do paiol, até que se apresente nova frente de luta. Uma pouca vergonha que tem a ser levada para debates e discussões na próxima assembléia dos jornalistas. Muniz é uma dessas vitimas.

Eu igualmente, sobrevivo a contas gotas de antídoto para me desintoxicar do veneno que me impôs de “guela abaixo”, um  “poço de maldades” que toda a imprensa do Acre conhece.

Meu erro? O mesmo cometido por Muniz. Ir para a frente de uma briga que não era minha. Os inimigos agora são amigos. Eu, inimigo dos dois”. Quanto a dura punição imposta pela Justiça ao Muniz, faço a seguinte comparação:

O velho médico do interior, aprendeu na faculdade de medicina que remédio pra diarréia é “Enteroviofórmio”. Nunca soube que esse medicamento deixou de ser produzido pela indústria farmacêutica e ainda hoje o receita a seus pacientes.

A Lei de Imprensa usada para punir o Muniz, foi produzida pelos militares na época de ditadura. Há dois anos foi abolida do ordenamento jurídico e portanto, as punições com base na mal fadada lei, naturalmente foram abolidas também. Mas tem juiz que não sabe disso.

(*) Jornalista e servidor público, ex integrante dos quadros do Jornal o Rio Branco e Jornal A GAZETA por mais de 20 anos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Nonato,

Concordo com você quando diz que e Lei que hoje coloca seu amigo jornalista na prisão é antiga, e de fato é. Porem você defende um amigo seu, mas de certa forma confirma que ele cometeu o possivel crime, pois o fazia a mando de quem o emprega.

Não no caso específico, mas a nova lei da empresa não sugere fazer calunia a quaisquer cidadão que seja, se fizer uma denúncia, quem o fizer deverá estar munido das devidas provas, se não tiver e quem fizer, continuará vulveravel a possiveis confronto com a justiça....

Saudações