terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Preventório

Uma imobiliária muito lucrativa

Casas no bairro Prevetório voltam a ser ameaçadas por deslizamento de terras. Moradores relutam em abandoná-las.

Leio nos jornais locais, que famílias carentes que habitam os barrancos do Preventório estão sob risco de soterramento. Seus casebres sofrem ameaças de erosões e deslizamentos. A situação se agrava com a cheia do Rio Acre.
Contra fatos não há argumentos. Fotos em jornais mostram casas já dependuradas nos barrancos e escoradas em palafitas. A verdade é que ninguém arreda pé do local ainda que tenham dezenas de opções. A explicação para o risco voluntário, é simples: FINANCEIRO! Lembrando que toda regra tem exceção.
Durante meus 25 anos militando na imprensa acreana já acompanhei pelo menos meia dúzia de ações da Defesa Civil do Município em socorro as vitimas do Preventório.

Não tenho conhecimento de registro de mortes no local. Programas do Governo Federal como o Habitar Brasil e ações do próprio Estado como concessão de terras da extinta Cohab, para o povoamento do bairro Montanhês e a desapropriação de grandes áreas da Imobiliária Ypê para a consolidação da invasão do bairro Calafate, objetivavam garantir moradias seguras aos desabrigados do Preventório. Foram algumas das soluções para por fim a um dilema vivenciado a cada grande enchente.

Mero engano! Das famílias remanejadas para o bairro Montanhês (nos limites do bairro Tancredo Neves) não restou testemunhas da romaria no caminho de volta, depois de cessado o perigo com a vazante do rio.
Os lotes ganhos do Estado foram vendidos por qualquer preço. Trocados por eletro eletrônicos, bicicletas, motos, carros e há relatos de lotes trocados por drogas. Situação rotineira quando se trata das habitações do mesmo programa Habitar Brasil no conjunto Esperança, conhecido do grande público como (*) “Papoquinho”.
E porque os favelados voltaram? Alegavam ser a nova morada (Montanhês) longe de tudo, dependeriam de ônibus para o trabalho e os filhos não tinham onde estudar. Não havia rede de energia elétrica nem água encanada. A trafegabilidade das ruas eram precária. A prefeitura apenas doou os lotes, sem qualquer infra estrutura.
Era verdade. Mas a nova comunidade estava em faze de povoamento. Hoje tem asfalto, luz, água, escola e uma base do avançada de um posto policial (onde funcionava a Base da Polícia da Família).
Na verdade o que sempre estimulou o retorno as família para a mesma área de onde saíram por correrem risco de vida, é a facilidade de morar no centro. Não pagara impostos, água. E luz nem aluguel.
Não abandonam os riscos do Preventório. Sabem que mais dia menos dia, ganharão novas terras, lotes ou casas. Uma nova oportunidade de ganhos fácil. Eles irão vender e retornar para os barrancos novamente. A prefeitura não vai deixar ninguém morrer soterrado em ano eleitoral. Após fazer média em retirar as famílias sob todos os holofotes, abandona o local para ser invadido pelas mesmas famílias que socorreu.
A vida continua sem que nada aconteça até o próximo ano eleitoral, quando as famílias voltam a ser ameaçadas pelos desmoronamentos do rio. Até lá - não importa o quanto rio alague - ninguém dará a mínima para os “excluídos” e ... oportunistas. Quem viver, verá!

(*) Uma alusão ao fato da maioria das famílias beneficiadas serem oriundas do bairro Papôco, (atual Dom Giocondo).


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