quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Quebrando pedra

Trabalhador troca banca de peixes por pedreira

Foto ilustrativa (da Internet)


José de Jesus deixou a tranqüilidade de uma banca de peixes no Mercadinho da Estação Experimental pela vida agitada e arriscada na pedreira do Abunã.
Negócio de risco (a venda de peixes) pois ao contrário do pão, não há devolução da mercadoria vencida, estragada. Na antiga atividade, o lucro presumível terminava sempre em um aterro sanitário.
Na pedreira, apesar do risco certo. Igualmente certo é o salário de R$ 1.200,00 por mês cujo risco de perda, é “só” a própria vida. Portanto, ninguém quer errar...

Lá, meu amigo – afirma Jesus - “cochilou tá no céu”.

No sentido mais literal o peão da pedreira, responsável em ascender o estopim que explodirá oito mil quilos de dinamite, mandando estilhaços de pedras em um raio de mil metros quadrados - quer dizer, que o erro por simples que seja, pode ser fatal.
O estopim aceso, parte célere em direção ao paiol enquanto o "piromaníaco" tratar de fugir para longe, de preferência no interior de um veículo entre os mais velozes disponíveis. “Sentimos a terra tremer sob nossos pés e no alto, vemos uma chuva de pedras em diferentes tamanhos caindo em todas as direções”.
Todos são exaustivamente treinados. Erros podem ser punidos com a própria vida. Os cofres do empreendedor se abarrotam a cada explosão. Os valores dos equipamentos de segurança e do quilo da dinamite não permitem que acumule toda fortuna arrecadada, mas se servir de referência  o quanto lucrativo é...Em 2009 foram mais de 380 mil metros cúbicos de brita. Bem abaixo da produção do ano anterior.  Parte dessa demanda foi adquirida pelo Governodo Estado para obras de pavimentação da BR-364.
Um "punhado de pedrinhas" se comparado a demanda e comercialização de brita nas obras da ponte sobre o Rio Abunã, ligando o Acre a Rondônia. Empreendimento miliário cujo “ponta pé inicial” se vislumbra para 2010 por está incluso no Projeto de Aceleração do Crescimento PAC. Quem viver, verá.
No caso de Jesus, nosso personagem, se "correr" verá.

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