Deusa Artemízia

Centenária, cega e surda, a justiça

continua cometendo equívocos

O distanciamento entre o Poder Judiciário e a comunidade, solidifica a idéia que o Juiz está sempre inacessível, especialmente para o cidadão humilde. O mais próximo que o cidadão comum chega em um juiz é através do jornal (ao velo em colunas sociais) ou durante audiências cíveis e criminais. Para a sociedade juízes são habitantes de outro planeta.

Sempre sisudos. Vestidos geralmente de preto. Durante as audiências usam indumentárias no mínimo ridículas. Túnicas de seda preta que lhes cobrem os pés e, na cabeça, um “chapéu” de gosto mais que duvidoso, forçando lembranças de um império que todos querem esquecer.

Tais comportamentos, hábitos, imposto e mantidos pelo judiciário, deixam bem claro que a casta não quer mistura.

Quando cometem erros e ditam sentença totalmente equivocadas, nem se dão ao trabalho de vir a público pedir desculpas. Preferem fazer crer que um juiz nunca dá um chutão. No máximo seu pé pegou mal na bola.O que acaba de ocorrer com o trabalhador Francisco Valderlei de Assunção Rangel, 60 anos(foto), preso por ordem da Justiça na ultima terça-feira, 02, sob acusação de “desobediência” revoltou a cidade inteira e em especial as famílias moradoras do bairro Conquista.

O Mandado de Prisão foi expedido pela Juíza Olivia Maria Alves Ribeiro. Francisco Rangel foi enquadrado na Lei Maria da Penha. A história é mais ou menos assim, conforme noticiado pela imprensa. . . Francisco foi casado por mais de 20 anos, com Francisca Zuila Souza Rangel, com quem teve três filhos.

Por razões que não vem ao caso, o casal se separou. A mulher reivindica na Justiça o direito de ficar com a casa. O marido contesta. Diz que se casaram em regime de separação de bens e por ocasião da união, ele já era dono da casa.

A juíza deu ganho de causa a mulher e proibiu o marido de chagar a uma distância inferior a 200 metros da ex esposa, até o julgamento do mérito. Orientada naturalmente por algum advogado, a mulher retorna a justiça para dize que o ex- estava morando a menos de 100 metros.

Não disse porém que o marido estava de favores (por não ter para onde ir) hospedado na casa de um vizinho.

Nova ordem judicial e o marido é novamente convidado por outro vizinho a pernoitar na área de sua casa. Um dos filhos do casal vai ao local e o agride fisicamente. Com tal violência que chaga a lhe fraturar uma costela. A mulher insiste. Novamente recorre a Justiça para afastar o ex para mais longe. A vizinhança garante – e se dispõe a ir às portas do judiciário dizer - que a mulher mente. Está tão somente interessada em se apossar em definitivo da casa onde moravam juntos.

Mais uma vez a justiça lhe deu crédito.

A juíza, sem noção do que de fato está acontecendo, preferiu aplicação da lei sem maiores preocupações. Mandou prender o aposentado e recolher ao presídio por entender (equivocadamente) que ele desobedeceu a Justiça.

A ordem foi naturalmente cumprida. O cidadão está preso e a população revoltada. O Poder Judiciário, representado pela figura da Deusa Artemízia – continua no lugar onde sempre esteve. No pedestal com a venda nos olhos e completamente surda.