terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nos tempos do Chico POP

Traficante não tinha nome e
boca de fumo era escondida


Chico Pop  (cantando) era jornalista, cantor, escritor, musico, ator, ativista cultural, boêmio e meu amigo.
Na última linha da postagem ai embaixo, sito o saudoso Chico Pop (foto cantando). Abri arquivos na memória e lembrei dos inúmeros casos que compartilhamos juntos no jornal O Rio Branco na década de 80. Na época eu ainda não havia me aventurado nas reportagens. Minha função era mesmo o setor gráfico e sem falsa modéstia, era ban, ban, ban.

Meu passatempo, no aguardo da finalização das matérias que chegariam ao meu setor (a oficina), após passarem pelo crivo do Zé Leite, era “peruar” os assuntos da redação. O vigia Amadeus, o fotógrafo Maia Coelho, os repórteres Naylor Jorge (continua no batente), Chico Araujo (foi morar em Brasília), Józimo de Souza (escorraçado da assessoria do TJ por liberar o caso do promotor que espancou a esposa para a imprensa, mas que o “Antônio Monteiro” achou que foi eu), Simony D’ávila (esposa do atual governador Binho), Anibal Diniz (nosso senador biônico ainda tinha muitos amigos na época), Tião Maia, Luiz Carlos Moreira Jorge, Marlize Braga, Toinho Alves (que sempre retardava os trabalhos da oficina. Sentava com as pernas dobradas sobre a cadeira e passava horas literalmente coçando o saco, escrevendo a coluna “Canto de Página), Dilma Tavares (foi assessorar Flaviano Melo em Brasília e se estabeleceu por lá junto com o marido, o jornalista Zé Luiz ( foi ou é assessor de imprensa do Ministério da Justiça).

Charlente Carvalho, Socorro Camelo e a foca Dora Monteiro, sonho de consumo do Chico Araujo e Tião Maia. Dadinho, Walter Gomes e Aldina (a dona do dinheiro) e outros nomes que deixo de mencionar porque não me interessa.

Chico Pop, Luiz Marinho, o editor Zé Leite, o chefe Walter Gomes, o Dadinho, os fotógrafos Maia Coelho, Lauro e Luiz Ortiz, o vigia Amadeu e os linotipistas Nilder e “Olho de Boto”, já não estão entre nós.

Nas oficinas este aqui que sou eu, Aldecir D’ávila, Clodoaldo, Nilder, Sampaio, Nelson dos Reis, Zé Maria (Cavaco) e uma ruma de gente. O vigia Amadeu, afro sequelado por mal de hanse, era o divertimento da redação.

Zé Leite “alugava” o velho 12 horas por dia. Sorrateiramente um barbante era transpassado entre o ilhós das calças do seu Amadeu e amarrado a cadeira em que ele estava sentado. Depois, era só arranjar um pretexto qualquer para o velho levantar e sair derrubando a cadeira. Era uma farra com direito a palavrões impublicáveis contra o filho da P. autor da sacanagem e o Zé Leite fingindo que nem sabia de nada.

Chico Pop era habitual freqüentador dos bares da cidade e inúmeras vezes fugia da redação para “enxugar uma loira no Buraco do Zé”. Um bar que havia na esquina na Getulio Vargas com Avenida Ceará, onde existe atualmente a “Borracharia Dia e Noite”. O nome “Buraco do Zé” surgiu apos um motorista doidão perder o controle da direção e bater com o carro na parede. Fez um enorme buraco e por falta de recursos passou meses para ser tapado

De porre, Chico Pop chorava feito bebê querendo mamá. Era só lamento. Nessa época, “nosso líder ecologista” o Chico Mendes, vivia nas redações em busca de publicar os assuntos relacionados ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e de Xapuri. Falar dos empates que liderava lá pelos lados do Seringal Cachoeira. Como era oposição ao Governo e todo sindicalista era vagabundo, nem era ouvido. As vezes tratado com pouco ou nenhum caso.

O Chico Pop contou certa vez que um ladrão entrou no quintal de sua casa e roubou todas as galinhas de criação de sua mãe. Confessou para nós, que incentivado por um amigo dele, passara boa parte da noite tomando Chá de Pampulha. Na época as drogas já existiam mas não eram adquiridas com a facilidade de hoje. Não se conhecia traficantes por nome e “boca de fumo” eram escondidas.

Pop, noiado e doidão, foi ao 1º DP registrar o roubo das galinhas e por lá deu de cara com o delgado Antônio D’Anzicourt, temido por ser durão. E o Pop começa a narrativa: “Dr. um ladrão entrou no quintal da nossa casa e levou todas galinha e até os pintos. Os bichinhos tudo pequenininhos... assim. E indicava o tamanho de cão... fila, adulto.

E o delegado.

Meu filho, isso era pinto mesmo ou um bezerro??

Já o outro Chico, o Mendes, choromingava aos ouvidos do Zé Leite.

“Zé estou ameaçado de morte. Estão querendo me matar”

E o Zé Leite: “Chico, tú acha mesmo que alguém vai gastar uma bala contigo”?

E vejam só! Nessa época o Chico Mendes já havia ganho o tal Premio Global 500, comenda tão comentada após sua morte. Até então, ninguém divulgava o assunto porque não interessava ao governador Joaquim Macedo. Não era hábito, dá espaço para sindicalista na imprensa da capital.

Tenho um paiol imenso de casos para contar. Contarei tudo após minha aposentadoria ou a qualquer momento, se alguém me pisar nos calos. E não me venham com frescuras que estou fazendo ameaças. O que eu publicar como jornalista posso provar como homem.

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