quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cadastro Nacional de Adoções


Arquivos não deletados revelam reportagem censuradas

Leio na mídia local que o Acre será incluído no banco nacional de adoções. Isso condicionou uma pesquisa nos arquivos do meu cérebro, para trazer a tona uma história real que investiguei como repórter policial do Jornal A GAZETA em 2002.
Ai ao lado, no meu perfil, rogo viver o suficiente para um dia escrever realmente o que penso. Se acaso alguém, não entendeu o significado do “enigma”, aqui vai um pequeno exemplo do que um dia escreverei, citando o nome dos bois.
Uma família do Bujari estava em guerra aberta na disputa por herança. Um dos filhos de uma funcionária pública e ré na disputa judicial da herança, me procurou para delatar a própria mãe. Disse que ela fazia parte de um esquema fraudulento de ações internacionais.
Todo “esquema” começava na enfermaria da Santa Casa e terminava no cartório judiciário do Bujari.
Segundo o informante, sua mãe era quem pagava pessoas carentes de Rio Branco para afirmarem em cartório que moravam do Município do Bujarí e para comprovar endereço, emprestava sua própria casa.
Isso justificava o processo de adoção transitar pelo cartório local. Tudo com anuência do chefe cartorário local.
Foi a parti daí que descobrir que no cartório judiciário do Bujari eram feitos os processos de adoção fraudulentos que possibilitavam estrangeiros: franceses, italianos e portugueses sair com crianças legalmente adotadas no Acre, em menos de 30 dias de haverem desembarcado em Rio Branco.
Ora, um processo de adoção internacional por vias legais, demora em média 2 anos.
Para qualquer repórter, “escancarar” o podre dos poderosos e expor as entranhas de uma quadrilha onde se evidenciava a participação de integrantes de judiciário, ministério público e igreja, era o “píncaro” da glória.
Para a missão de desbaratar a “quadrilha” e ter o suporte técnicos necessário, me aliei uma emissora de TV. Foi assim que conseguimos fazer horas de gravações com câmara escondida, adquirindo provas evidenciadas por nossos investigados. Através da emissora afiliada local, passei a ser contactado diariamente pela produção do Fantásticos da Rede Globo. Eu precisava apenas amarrar alguns nós e comprovar alguma informações para a equipe do programa aportar em Rio Branco.
Tive acesso a documentos oficias que ligavam importante advogado (a) do Acre a organizações internacionais. Essa pessoa recebia na época, U$ 5 mil por adoção. Já tinha inclusive sido ouvida em inquérito instaurado pela Polícia Federal.
Como o inquérito correia em segredo de justiça, o nome das pessoas não poderiam ser mencionados. Mas posso adiantar que durante as investigações, apareceram nomes de desembargador (que assinava os processos mesmo estando de licença ou de férias), promotores que acordavam com tudo em nome de uma suposta “boa causa”, autoridades religiosas (baseadas em Cruzeiro do Sul), assistente sociais, enfermeiros da Santa Casa de Misericórdia e chefe de cartório do Bujari.
Tudo foi levantado com mais de 30 dias de investigação. Quando finalmente apresentei o material para meu editor “lambe-botas” de triste memória a que atendia pelo nome de Jaime Moreira, o mundo veio abaixo e fui “proibido” de divulgar qualquer linha relacionada ao assunto.
De nada adiantaram meus argumentos que as crianças acreanas poderiam servir de matéria prima para os traficantes internacionais de órgão humanos. Estávamos às vésperas de uma campanha eleitoral. Um parente muito próximo do advogado (a) mencionado no inquérito era candidato ao governo do Acre e aliado ao PMDB, inimigo histórico do PT que despontava com chances reais de ganhar a eleição.
Assim, todo material foi jogado no lixo e a equipe do Fantástico cancelou a agenda que estava marcada para o Acre.
Meu prêmio Esso de Jornalismo foi pelo ralo e anos após, o mesmo editor, defendendo mais uma vez o patrão, disse em em frente a juiza que decidia uma causa trabalhista em minha defesa, que eu era um jornalista “medíocre”.
No final da audiência e longe dos ouvidos da juíza, eu disse a ele quem era medíocre e porque.
UM dia, quando tiver independência pra isso, contarei essa história dando nomes, números e datas.

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