quarta-feira, 8 de abril de 2009

Efeito colateral

Preso sofre pressão no

torniquete dentro

do presídio

A morte do pistoleiro Martini Martiniano de Oliveira, suspeito de ser o executor da morte do médico e agiota Abib Cury em 1997 precisa ser minuciosamente investigada e o resultado desta investigação trazida ao conhecimento público, para que não paire qualquer tipo de duvidas sobre o que realmente aconteceu.

Quem tem algum conhecimento sobre a rotina dentro de um presídio, sabe do quanto é degradante a privação da liberdade. Da própria cidadania. Há duas realidades na vida do apenado.

Uma ditada nos tribunais em audiência pública ou privada, sobre os direitos constitucionais e humanos. O respeito ao cidadão, mesmo ao infrator e outros salamaleques.

A outra realidade e que passa há anos luz da Constituição é a lei imposta dentro do presídio. Onde imperam as Leis do mais Forte, do Silêncio, do Medo, da Intimidação, da Tortura, da Humilhação e da Mordaça.

Muitos apenados procuram na bíblia sagrada, força necessária para vencer o medo e a falta de esperança, a solidão e o desprezo, até dos “entes” queridos.

Não são raros os casos de suicídio.
A população desconhece a vida no interior das celas cujas regras são impostas pelo mais forte.

É “comum” o apenado recém-chegado ser transformado na “mulher” da casa. Serve sexualmente os demais, lava as roupas e arruma a cela, dá banho, corta unhas e arruma os cabelos dos demais. Sempre debaixo de pancada até que se torne um “veterano” e outro “novato” chegue àquela cela. Há relatos de presos que assumem a condição de gay por não suportarem os espancamentos constantes.

Os condenados por estupros têm vida difícil entre a população carcerária. Há confissões impublicáveis narradas por integrantes de equipes de plantonistas do Pronto Socorro, sobre esses infelizes.

Muitos não resistem às humilhações e encontram no suicídio o remédio para por fim ao constrangimento e a vergonha. O medo de que alguém “lá fora”, venha saber do que ele passou “lá dentro”.

Óbvio que isso não é regra geral, mas também não é nenhum fato incomum. Como repórter policial durante mais de dez anos, tive acesso a muitos ex apenados que relatavam fatos dessa natureza, sempre citando as “vitimas” na terceira pessoa.

Não estou defendendo suspeitos ou tentando passar “panos-quentes” no que aconteceu com o preso Martini.
Também não estou afirmando que ele tenha sido vitima desse tipo de tratamento. Apenas fazendo os leigos verem que motivos para suicídios é que não faltam ao um presidiário.

Até onde sei (através da imprensa naturalmente), Martini confessou ter matado o médico Abib Cury. Contou detalhes e entregou quem agenciou seu trabalho. Não estava por tanto, preso injustamente.
Mas se alguém o executou, facilitou, teve conhecimento e foi omisso deixando que o “suicídio” acontecesse, não pode ser ou ter, tratamento diferente do que recebeu o pistoleiro “defuntado”.

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