quinta-feira, 23 de abril de 2009

Em defesa da mídia

A imprensa não dimensiona a noticia violenta

Tive acesso ao artigo do Ten. Cel. PM Paulo Cezar Rocha dos Santos, publicado no Informativo da Polícia Militar do Acre do mês de março e distribuído agora em abril. O titulo “as causas e efeitos da super dimensão da violência nos meios de comunicação”..

Durante mais de dez anos exerci a função de repórter “policial” que na verdade nada tem de policial. Apenas faz a cobertura do noticiário policial. Ainda assim sinto-me credenciado a comentar o artigo.
Em determinado trecho o oficial afirma que: “A fonte policial em alguns episódios também contribui para a vulgarização do sensacionalismo propiciado pela reportagem policial” e sita como exemplo, o fato deste setor quando solicitado a falar tem a oportunidade de se projetar como guardião da verdade e dos bons costumes, ou com suas próprias palavras: “se projetar na sociedade como moralizador e restaurador da justiça”.... Ponto!

Para quem não sabe, a fonte policial a que se refere o comandante é o agente policial civil ou militar que atua como informante do repórter policial. Em troca ganha naturalmente imunidade por parte da mídia, caso venha se envolver em algum fato relevante onde seu nome seria publicado e destaque quando conclui uma missão com êxito.

Quanto à “vulgarização do sensacionalismo”, requer um comentário mais técnico.
O jornal é uma empresa que vende a noticia e a informação como mercadoria de consumo e procura naturalmente, atender as exigências dos seus clientes, no caso seus leitores, assinantes e anunciantes. Esses clientes querem noticias policiais.
Deleita-se com informações de homicídios, estupros, acidentes violentos e seqüestros.

Repórteres do setor especifico saem as ruas em busca dessa informação, consciente que não pode vender uma mercadoria falsificada. Que possa ser contestada, desmascarada ou desmentida. Que coloque seu autor na vala comum dos incompetentes e mentirosos.

A luz da razão, qual o profissional que quer para sim alguns desses rótulos? Portanto, vamos desmistificar esse papo de “vulgarização e sensacionalista”, porque o jornalista não inventa noticia. Se as publica é porque elas existem e podem ser comprovadas.

Tal como a polícia, seria humanamente impossível manter de forma preventiva um jornalista onde será montado um palco de violência. Quando o jornalista chega, o fato já ocorreu. O agente “autor” da violência se evadiu ou foi conduzido à delegacia. A vítima ou está morta, impossibilitada de falar e quando melhor, levada ao Pronto Socorro.
O jornalista se vale então dos presentes, testemunhas oculares e/ou ocasionais para pegar suas informações.

Tais informações podem não refletir a verdade real dos fatos. Ser distorcida. Mas é a informação que foi passada ao jornalista por alguém que diz ter visto ou ouvido dizer. O jornalista transcreveu tal informação conforme seu entendimento. Mas não inventou nada.

Exemplo: Se João diz que viu Pedro disparando uma arma de fogo contra José, que motivos teriam o jornalista para questionar veracidade da informação?

Portanto amigo Tem. Coronel Paulo Cezar, a mídia não dissipa a informação tão pouco super dimensiona a violência ou faz sensacionalismo. O fato aconteceu. A mídia divulga.

Esse é seu trabalho. Sua mercadoria de venda. Há quem goste, quem não goste e há quem tente desacreditar o trabalhão da imprensa, a tachando de sensacionalista. É tudo uma questão de “Ponto de Vista”.

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