terça-feira, 31 de março de 2009

CIDADE SEM LEI

Gangue aterroriza e divide a comunidade da

periferia marcada pela marginalização social

Pedro Paulo



Uma gangue composta em sua maioria por adolescentes vem atormentando há vários meses os moradores residentes nas proximidades do “Pinicão”, localizado na área limítrofe dos bairros Jardim Primavera, Tucumã e Rui Lino, na periferia de Rio Branco.

Segundo informou um morador que não quis se identificar temendo represálias, os integrantes da “Gangue do Pirulito”, nome atribuído aos seguidores de um traficante violento, que atua na região, comercializam droga normalmente pelo meio da rua, na presença inclusive de alunos.

O “Pinicão” é na realidade, um gigantesco depósito de decantação de esgoto do Conjunto Tucumã, que teve suas margens invadidas por trabalhadores e trabalhadoras sem teto, acrianos “reféns” da marginalização social, predominante no subúrbio.

De acordo com os moradores da área, a “Gangue do Pirulito” é responsável por pelo menos 20 assaltos, estupros, aliciamento de menores para o tráfico de droga, além assassinatos também atribuídos à quadrilha, que todos os dias se aloja no interior da quadra esportiva do bairro, para planejar delitos.

O bando aterroriza moradores e consegue fechar ruas e vielas, em determinados horários. Quem ousa passar pelo local é obrigado pagar pedágio e, se recusar, acaba castigado pelos “carrascos das ruas”, como se alto denomina a quadrilha de assaltantes e estupradores.

Dona Terezinha (nome fictício de nossa informante) afirmou que a gangue vem desafiando até a própria polícia e lamenta que quando os militares são chamados ao local, todas às vezes, são recebidas com desdém, pelos bandidos. Ela declarou assustada e chegou a comparar o local com algumas favelas do Rio de Janeiro (RJ).

“Aqui é um fedor fecal danado, moro sobre o esgoto, mas é o único lugar que tenho. Trabalho todo dia como doméstica e para melhorar a renda comecei a criar galinhas, tava indo bem, mas os bandidos descobriram e vieram buscar as últimas aves na semana passada, tinha oito levaram tudo”, lamentou Terezinha.

Nesse dia, segundo a mulher que é viúva, dormiu sem jantar com a meia dúzia de filhos que cria sozinha. Enquanto, isso, os bandidos farrearam comendo as galinhas que ela criou no quintal da modesta casa, para ajudar no sustento das crianças. Já Maria Barbosa, aposentada de 71 anos, disse que não consegue dormir direito temendo uma bala perdida. É que segundo a idosa, são freqüentes os disparos de rama de fogo nos arredores do “Pinicão”.

“Alguém tem que tomar providências a respeito desse caso, porque, com a idade que tenho nunca esperava que a cidade chegasse a esse ponto de os bandidos tomarem conta. Tenho medo até de eles tomarem a escola e prejudicar as aulas de meus netos”, comentou a aposentada.

Moradores cobram ação efetiva contra gangue

O comerciante Luís da Silva, proprietário de uma loja de confecções no Conjunto Tucumã, disse nesta terça-feira (31) que, apesar de os crimes relacionados à “Gangue do Pirulito” praticamente se restringirem à região do bairro Jardim Primavera, existe o medo na outra parte da cidade.

"Tem gente que fala que, enquanto essas coisas estiverem acontecendo por lá, não podemos temer, mas ainda sim, não estamos fora desse absurdo. Essa violência atinge a todos nós e temos que combatê-la de todas as formas", afirmou.

Para a dona de casa Maria Oliveira, a violência da gangue está tirando o sono de todas as pessoas na região. "Desde que isso começou, não temos mais sossego por aqui. A polícia tem que fazer alguma coisa ou nossos filhos vão acabar morrendo também", disse.

Ao passo que a comunidade pede por uma solução efetiva das autoridades, outros nomes são acrescentados, na cronologia de perturbadores da ordem pública. Chiquinho e Neguinho, por exemplo, que seriam dissidentes da “Gangue do Pirulito” decidiram montar outros pontos de venda de droga.

Uma mulher conhecida na comunidade por “Lora”, segundo a versão de moradores dos arredores do entorno do “Pinicão”, se encarrega de levar meninas para tráfico em troca de cocaína para manter o vício. A suposta cafetina também teria a missão de incentivar às jovens ao consumo de entorpecente.

Bandidos atormentam universitários

Alunos de vários cursos da Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), localizada na Estrada Dias Martins, se tornaram alvo em potencial dos criminosos. Os bandidos atacam os carros dos acadêmicos, quando parados fora do estacionamento da universidade, para roubar som e outros valores.

Não há registro de violação de veículos no estacionamento do estabelecimento de ensino, privado, no entanto cerca de 18 queixas de furto são registradas todos os dias na 4ª Regional de Polícia (Tucumã). Os números foram colhidos na unidade de segurança pública, com três comissários diferentes, durante plantões distintos.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom o post! Gostei!