quinta-feira, 19 de junho de 2008

Casarão de "cabelos branco" vira
Patrimônio Histórico e Cultural

Finalmente será dado um destino honrado ao “CASARÃO”. Vai ser tombado como “Patrimônio Histórico e Cultural do Acre”. Atualmente transformado em ruínas e com aparência de cenário de filmes de terror, o velho CASARÃO localizado na Avenida Brasil, zona central de Rio Branco, nem de longe lembra o paiol de boêmios que armazenou em áureos tempos, nem tão remoto assim.

Na década de 80, quando mudei de mala e cuia em definitivo para o Acre, o CASARÃO era o point da intelectualidade que o notabilizou. Tido pela burguesia como reduto do proletariado. Da esquerda ultra-radical, que pregava o “tudo contra a qualquer coisa”.

Intelectóides alienados, que usavam calças lee desbotadas, sujas e fedidas. Blusões coloridos com número acima do manequim e a tiracolo, mochilas de fabricação indígenas, geralmente recheadas com alguma binga de maconha e frascos de tintas sprey, para pinchar muros e fachadas de casa de opositores políticos, com frases de efeitos geralmente ofensivas a honra e a honestidade alheia.

Claro que tal comportamento não era regra entre os freqüentadores do CASARÃO. Para ali aportavam representantes de todas as camadas sociais. Gente boa e gente ruim. Quem conhece e freqüentou o ambiente, sabe do que estou falando.

Particularmente nunca foi assíduo na casa. Minhas passagens por lá, se limitavam a tomar a “expulsadeira” no retorno do Bar Girau (de Socorro e Alonso) a caminho de casa, no bairro Cidade Nova.

O ambiente do CASARÃO não tinha nada vê comigo. Nunca fui politizado e menos ainda intelectualizado. Pelo menos não o suficiente para passar horas discutindo ideologias polícias e sistemas socialistas de governos.

Pelo reduzido conhecimento que tinha do assunto, achava o regime comunista dominante da Albânia, Russa e China, uma grande porcaria e que não merecia minha atenção.

Minhas referências com política, comunismo...estavam restritas à amizade fraterna e sincera que sempre mantive com Marcos Afonso, o ‘Marcovisk’ como eu chamo, dentro da minha concepção russa do seu nome. Em retribuição, ele me chama de “Nonatovisk”, mesmo durante seu mandato de deputado federal. E assim nos tratamos até hoje..

Falar do Casarão e não mencionar o nome do “Lhé”, é desconhecimento de causa. Figura carimbada e cativa. Chamava à atenção pela cabeleira branca, a falta de trato na indumentária (calça jeans e camiseta branca), sandálias de dedo e invejável vigor físico para dançar. Nada porém o associa às referências que faço sobre alguns, dos muitos freqüentadores da casa.

As mudanças entre os áureos tempos do CASARÃO e hoje, está no fato de uma minoria radical de seus ex-frequentadores terem chegado Lá, através de amizades antigas com quem está Lá.

Essa minoria largou o sprey, a binga de maconha, a mochila Manchinery e às alpargatas de couro; a calça Lee encardida e o blusão colorido. Agora se comunicam pela mídia. Usam pastas executivas de marca. Trocaram as guimbas pelo pó e as caminhadas a pé, foram substituídas por desfiles em Hilux.

O velho CASARÃO foi abandonado. Os debates ideológicos agora acontecem em mansões. Não vale mais a pena a exposição de idéias em público nem a companhia da plebe. Muita água passou por baixo da ponte.

Aos opositores ideológicos, tratamento semelhante ao extermínio imposto por Adolf Hitler aos judeus. São democratas extremistas desde que não tenham oposição às suas idéias. Aos saudosistas, o CASARÃO está de volta! Agora transformado merecidamente em “Monumento Histórico”.

Nenhum comentário: