Casarão de "cabelos branco" vira
Patrimônio Histórico e Cultural
Na década de 80, quando mudei de mala e cuia em definitivo para o Acre, o CASARÃO era o point da intelectualidade que o notabilizou. Tido pela burguesia como reduto do proletariado. Da esquerda ultra-radical, que pregava o “tudo contra a qualquer coisa”.
Intelectóides alienados, que usavam calças lee desbotadas, sujas e fedidas. Blusões coloridos com número acima do manequim e a tiracolo, mochilas de fabricação indígenas, geralmente recheadas com alguma binga de maconha e frascos de tintas sprey, para pinchar muros e fachadas de casa de opositores políticos, com frases de efeitos geralmente ofensivas a honra e a honestidade alheia.
Claro que tal comportamento não era regra entre os freqüentadores do CASARÃO. Para ali aportavam representantes de todas as camadas sociais. Gente boa e gente ruim. Quem conhece e freqüentou o ambiente, sabe do que estou falando.
Particularmente nunca foi assíduo na casa. Minhas passagens por lá, se limitavam a tomar a “expulsadeira” no retorno do Bar Girau (de Socorro e Alonso) a caminho de casa, no bairro Cidade Nova.
Minhas referências com política, comunismo...estavam restritas à amizade fraterna e sincera que sempre mantive com Marcos Afonso, o ‘Marcovisk’ como eu chamo, dentro da minha concepção russa do seu nome. Em retribuição, ele me chama de “Nonatovisk”, mesmo durante seu mandato de deputado federal. E assim nos tratamos até hoje..
Falar do Casarão e não mencionar o nome do “Lhé”, é desconhecimento de causa. Figura carimbada e cativa. Chamava à atenção pela cabeleira branca, a falta de trato na indumentária (calça jeans e camiseta branca), sandálias de dedo e invejável vigor físico para dançar. Nada porém o associa às referências que faço sobre alguns, dos muitos freqüentadores da casa.
As mudanças entre os áureos tempos do CASARÃO e hoje, está no fato de uma minoria radical de seus ex-frequentadores terem chegado Lá, através de amizades antigas com quem está Lá.
Essa minoria largou o sprey, a binga de maconha, a mochila Manchinery e às alpargatas de couro; a calça Lee encardida e o blusão colorido. Agora se comunicam pela mídia. Usam pastas executivas de marca. Trocaram as guimbas pelo pó e as caminhadas a pé, foram substituídas por desfiles em Hilux.
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