A uns 10 km da Estrada Transacreana, ao lado oposto da antiga granja Bela Vista, uma sepultura se destaca entre dezenas de outras existentes em um pequeno cemitério rural, desativado há muitos anos.
Nesta sepultura, uma pequena capela foi construída ao lado de um cruzeiro. Anualmente, a cada “Dia de Finados”, peregrinos migram da zona rural, da cidade e até de outros estados, para “pagar” promessas e acender de velas.
No interior da capela, prateleiras guardam réplicas em madeira, louça e gesso, de membros humanos. Muitos crânios, braços, pernas... Fotografias, cartas, bilhetes, fitas... Muitas “quinquinharias” (*) deixam o ambiente repleto de lembranças dos que recorreram a “Cruz Milagrosa” impulsionados pela fé, em busca de ajuda espiritual.
No Acre, não é raro encontrar alguém que não conheça, ou tenha ouvido falar da “Cruz Milagrosa”. São geralmente idosos e relatam conhecer quem recebeu milagres por pedidos feitos aos pés da “Cruz Milagrosa”.
Dentro da máxima de “vender o peixe ao preço que comprei”, a lenda é a seguinte: Um velho e caridoso tropeiro (**) conhecido por Artur, teria chegado a casa de um seringueiro acometido de malária.
Alí ficou hospedado até que a doença foi se agravando. Sem maiores recursos, o seringueiro amigo se dispôs à acompanhar o enfermo até a capital em busca de atendimento médicos. Seriam dias de caminhadas até Rio Branco.
No local onde está a cruz o velho tropeiro Arthur não teria mais resistido. Moribundo, pediu que o amigo o deixasse, para morrer em paz.
O seringueiro não desanimou. Acomodou o amigo como pôde e rumou sozinho para a capital em busca de ajuda. Lamentavelmente quando retornou encontrou Artur sem vida.
Não havia a menor possibilidade de retornar com o corpo até o seringal onde moravam. Por isso, foi forçado a enterrar o amigo ali mesmo e depois, fincou uma cruz ma beira da estrada para marcar o local.
Peregrinos foram tomando conhecimento da história. O local ficou sendo ponto de descanso e posteriormente de orações com diferentes pedidos.
Alguns foram atendidos em suas preces e se imputou a Cruz como obreira dos Milagres. Assim teria nascido o mito popular da "Cruz Milagrosa" e assim permanecerá por todos os séculos.
(**) Pessoa encarregada de conduzir tropas de burros carregados de pela de borracha ou mercadorias, entre a sede do seringal e a colocação do seringueiro.
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