segunda-feira, 23 de junho de 2008

Não me contaminou

Não sabia que DDT era assim, tão perigoso

Uma reportagem da amiga jornalista Dulcinéia Azevedo site (http://www.ac24horas.com.br) me fez relembrar fatos de minha vida já havia esquecido. De acordo com a reportagem, a contaminação por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) pode está relacionada à morte de 114 funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Acre, entre os anos de 1994 até hoje. O último óbito, foi registrado há 12 dias em Rio Branco.
Este blogueiro, durante dois anos na década de 70 (entre 1972 e 1973), foi guarda de endemias rurais. Concursado e contratado pela CEM (Companhia de Erradicação da Málária). Fiz treinamento inicial para trabalhar na área de epidomilogia e (EP) com identificação EP-111.
Posteriormente a meu pedido, passei para o pelotão Operação Inceticida (OI). Minha identificação era (O.I) 111-H. Essa numeração serve para a inspeção identificar quem esteve naquela residência, executando que tipo de trabalho.
A título de esclarecimento para os leigos, os guardas de identificação EP, têm a missão de fazer a coleta de lâminas de sangue e acompanhar o tratamento dos pacientes infectados pelo plasmódio-falcíparum (vírus transmitido pela fêmea do mosquito anofelino).
Os guardas de O.I trabalhavam na parte de prevenção com borrifação a base do inceticida DDT. O máximo de reação adversa que eu tinha conhecimento sobre o DDT, era moderada de cabeça para os iniciantes. Isso apenas nos primeiros dias. Jamais soube de contaminação em humanos. Menos ainda que tal contaminação levasse a óbito.
Durante os treinamentos recebíamos orientação de passar para o público que o DDT, era inofensivo para humanos e criações domésticas. As pessoas diagnosticadas como alérgicas ao produto tinham seus lares dispensados da borrifação. Era comum as famílias tentarem se livrar do incomodo da aplicação do inceticida em suas casas, alegando alergia. Nossa disciplina era só aceitar essa desculpa mediante atestado médico. Daí vivíamos em constantes conflitos e não raro, até recorríamos a polícia para nos dá segurança.
O cheiro forte do produto também era desaconselhável para récem nascidos e optávamos por dispensar os imóveis onde haviam recém nascidas. Mas só. Lembro que era muito comum anotarmos reclamação de aumento de carapanãs e outros incetos após à aplicação do inseticida. E aí vinha o contra argumento que a eficiência do DDT se destinava apenas ao anofelino.
Como não tenho maiores conhecimentos do assunto, não vou questionar os guardas de endemias se afirmam que estão sendo contaminados pelo DDT. Mas posso garantir que é a primeira vez que ouço tal afirmação.

Minha equipe de O.I

Lembro com impressionante lucidez, todos os integrantes de minha equipe. João Evangelista era nosso chefe de equipe. Jonas (um doidinho que só faltava rasgar dinheiro) Sr. Manuel (o vovô da equipe) Nonato (eu, deslumbrado com meu primeiro emprego) e Eurico Durgo. Um legitimo descedende de família de Barbados, emigrantes que aportaram em Rondônia no início século para a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Naquela época, descriminar uma pessoa pela cor não era crime, era curtição mesmo. Durgo era portanto o "Tição". Como realce a sua cor negra, quase "azulada", apenas os dentes e os olhos. Mas era um companheiro prestimoso, solidário e amigo, todos gostávamos por demais do "Tição".

Certo dia, convidados à jantar na casa de agricultores paranaenses, nos deparamos com fartura só compatível com nossa fome. Imensa.
Durgo quiz compensar os dias passados a base de frutas e se prevenir contra a fome futura. Comeu para envergonhar qualquer glutão e em dado momento foi alertado, em meio aconversa com o dono da casa, com chutes por baixo da mesa. Baixei a vista em direção a perna do Durgo e ele quase chorando "de barriga cheia", me passando a metade de uma banana "peruá" que ele não agüentava comer.
Para seu desespero, eu e os demais companheiro de quem pediu ajuda, fizemos de conta que o assunto não era nosso. Todos estávamos mais que satisfeitos.
Nesse dia pouco conseguimos dormir, tirando sarro do Durgo, por ele ter os "olhos maior que a barriga". Nossa!.. Desse época, tenho "causos" para gravar uns três CDs de narrativas.

4 comentários:

Unknown disse...

É verdade que no Acre existem pessoinhas que envergonham a classe dos Jornalistas, mais pra salva essa Raça quase em extinção existem profissonais com sua competência...Parabéns...Você é uma EXCEÇÃO...abraços

Pynard Durgo disse...

Sou graduado pela U.F.M.T, Professor, Agente Penitenciário, e acadêmico de Direito, e o que mais me impressionou e me trouxe a lembrança, que Eurico Durgo é meu tio, falecido nos idos dos anos 80, como Policial Federal do ex-território Federal Rondônia, foi sempre um homem muito cheio de vida e amor, alegria era a sua construção diária, obrigado por tão grata lembrança, dou-te uma idéia, escreva um conto e com certeza terá muitos leitores interessado nessas histórias rais de um povo forte e aguerrido. Pynard Durgo

Pynard Durgo disse...

Sou graduado pela U.F.M.T, Professor, Agente Penitenciário, e acadêmico de Direito, e o que mais me impressionou e me trouxe a lembrança, que Eurico Durgo é meu tio, falecido nos idos dos anos 80, como Policial Federal do ex-território Federal Rondônia, foi sempre um homem muito cheio de vida e amor, alegria era a sua construção diária, obrigado por tão grata lembrança, dou-te uma idéia, escreva um conto e com certeza terá muitos leitores interessado nessas histórias rais de um povo forte e aguerrido. Pynard Durgo

Nonato de Souza disse...

caro Pinard Durgo,

Uma grata satisfação encontrar parentes do querido amigo Eurico Durgo. Minha precupação é que talvez o "meu" Eurico Durgo seja homônio do seu tio pois o Eurico Durgo era muito jovem e não, poderia ser POlicia Federal do Ex- território federal de Rondônia pois já naquela epóca (final de
70) os ex gaurdas do teritóirio já estavam com idade avançada.